WhatsApp não é ferramenta de trabalho (LUTEM)

Cada vez que eu uso esta frase sou extremamente criticada por uma opinião que não é exclusiva. Essa revolta talvez seja menos latente em um dia que esse canal parou, juntamente com as outras duas redes sociais do mesmo proprietário. Observando que o Instagram e o Facebook estão em notório declínio.

Eu poderia trazer as pesquisas que embasam o que eu estou querendo afimar. Porém, me reservo a compartilhar a experiência empírica de uma comunicadora a partir de minha experiência profissional e troca com pessoas que estão há mais de um ano vivendo e trabalhando praticamente 100% digital.

Essa reflexão parte deste lugar, do lugar HUMANO, porque é no esquecimento de nós mesmes que as coisas estão degringolando. Antes de mais nada, creio que usar uma ferramenta deliberadamente por tendência ou agilidade retira nosso potencial de reflexão e questionamento sobre o porquê estamos seguindo nessa direção.

“Em cinco anos, passar o dia no WhatsApp será tão mal visto quanto fumar num avião”

Facundo Manes, neurologista

É por essa notícia e por tantas outras relacionadas à tecnologia e seus malefícios para nossa saúde mental e emocional que esse texto está sendo escrito. Há ferramenta perfeita? Não. Porém o recurso da instantaneidade gerado neste aplicativo específico nos torna 24 horas disponíveis. Afinal, o celular é um item de uso pessoal, e no meio da pandemia as comunicações se atravessaram da solicitação ao job até saber como a família estava.

O que proponho é que a empresa tenha a empatia de organizar sua comunicação de maneira mais fluída. Que as pessoas tenham TEMPO e entendam que precisamos respirar antes de responder. Legal, a pessoa demora pra responder um e-mail e no Whats logo retorna. Bem, depois poderá ser cobrado e talvez não consiga responder. A conta nunca vai fechar.

Monocultura de ideias

A imagem que ilustra este texto é de um solo craquelado. Exemplo do que pode ocorrer quando limitamos o uso da terra para uma única cultura durante muito tempo. Assim nós estamos por dentro, secando nosso interior para espremer a última gota de nossa produtividade e continuarmos olhando para essas telas.

A monocultura da mente como diria Vandana Shiva, nos atravessa todos santo dia e para quebrar esse paradigma precisamos pensar, questionar e FICAR COM O PROBLEMAS. Aposto que já estavam imaginando a grande resolução que este artigo poderia trazer. Infelizmente essa não é minha pretenção, embora faça parte do meu trabalho. Cada ecossistema precisa de uma análise individual. Isso é quebrar o pensamento.

A monocultura da mente nos faz cultivar ideias singulares e somos plurais

5 motivos simples porque o WhatsApp não é uma ferramenta de trabalho

1- Quando tudo é urgente nada é urgente. O imediatismo nos faz pular de atividade em atividade sem concluir, ou para corrigir algo saímos queimando os dedos na ânsia de conter os prejuízos.

2 – Gera ansiedade. Há quem não consiga conviver com notificações.

3 – Extrapola limites. Ninguém é onipresente ou precisa responder de forma imediata, ainda que fosse algo urgente, estamos nos esquecendo inclusive das ferramentas SLA.

4 – Fluxo desordenado de informações. Aposto que todes já estiveram em um grupo, pois bem não precisamos nos alongar.

5 – Formato limitado. Cada pessoa resolve se comunicar de uma forma: figurinhas, imagens, áudios, assim, ela vai replicar este molde ao precisar trocar infomações profissionais. Um áudio pode explicar melhor, porém pode levar mais tempo. E aí, começa a interminável lista de checar todos os canais em que recebemos as informações e a partir de qual a resolução é de fato efetivada.

Vou finalizar dizendo que o WhatsApp é uma ferramenta de comunicação que tem permitido muitos negócios e facilitado a vida de diversos empreendimentos. Nós humanos só precisamos olhar para seu uso específico e o que está resultado em nossa própria pele. O dia de hoje não foi perdido em termos produtivos ou financeiros. Ganhamos e muito.


Esse texto foi escrito por:

Giórgia Gschwendtner. Escritora e comunicadora voltada à construção de narrativas conscientes e regenerativas. Amante da vida, da natureza e curiosa. Compartilho de uma nova visão da Comunicação pela perspectiva da sustentabilidade e regeneração do coletivo.

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